quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

PAULO AFONSO E OS CONCURSADOS

PAULO AFONSO E OS CONCURSADOS

A posse de Anilton foi um pequeno retrato do que se transformou a política em nossa cidade: baixaria em dó maior. As humilhações e agressões dadas ao ex-prefeito foram o início de uma operação em andamento no nosso município: “Delenda Caires” Talvez dê certo, pois ele não está fazendo uso de nenhum esforço para defender-se. Por falar em defesa onde estavam os seus seguidores no dia da posse para defendê-lo? Logo que os cargos da prefeitura sumiram deram-lhe as costas. Até eu tive pena do sujeito, o que não é comum em mim.
Anilton acusa Caires de ter deixado um caos administrativo na prefeitura. Caíres nega tudo. Como não dá para confiar em nenhum dos dois deixa-se ao eleitor escolher qual sua versão preferida. É claro que dívidas possuem documentos comprobatórios e deixar um caos financeiro para o sucessor apenas porque é adversário não é correto do ponto de vista ético. Se Caires fez isso não merece nossa aprovação. Mas talvez o ódio a Caires tenha outros fundamentos diferentes da preocupação em administrar a cidade. O ex-prefeito derrotado foi muito bem votado e ainda é uma opção eleitoral para o próximo pleito, a destruição dele virá bem a calhar para o planejamento de mais dezesseis anos de hegemonia do grupo de Luis de Deus na prefeitura. Sendo destruído ou não politicamente, Caires deixou um problema sério para Anilton, e não estou falando dos carrinhos quebrados que o atual prefeito resolveu exibir teatralmente para o seu espetáculo anti-Raimundo. O concurso público é uma bomba armada prestes a explodir e Anilton não sabe o que fazer com ela.
Em primeiro lugar é preciso explicar que o concuro público foi uma exigência programada pela constituição federal e não uma “bondade” de Caires. É um projeto que visa melhorar a administração pública municipal impedindo-a de ser “cabide de empregos” (uma expressão que tanto Anilton quanto Caires sabem muito bem o significado). Com o concurso público ganham os competentes e perdem os “capachos” servis; ganha a inteligência e perde a imbecilidade; ganha, sobretudo o público, pois terá uma administração mais efetiva, técnica e competente. Em segundo lugar o concurso público realizado em nossa cidade foi limpo e sob fiscalização do Ministério Público e da OAB junto com outras entidades sérias da sociedade civil. Colocar em dúvida a seriedade do processo não indica boas intenções por parte de quem o faz. Anilton tem que se resignar perante o Império da Lei e tem que convocar os concursados. Aqueles que o apoiaram esperando carguinhos públicos terão que mudar de projeto de vida.
As notícias que nos chegam sobre os projetos da atual gestão na prefeitura não são boas. A saúde está um caos e possivelmente alguns dos seus serviços serão revistos; talvez até o restaurante popular seja fechado. É compreensível, afinal com a vitória de Anilton voltaremos a ser a “república das praças”. Talvez ressurjam projetos mirabolantes semelhantes à criação de avestruz, jacaré ou tilápia. Talvez outra obra faraônica como o Parque de exposição de animais. Para isso é preciso ter dinheiro em caixa; para isso a área social tem que ser sacrificada. Mas a fachada de desenvolvimentismo tem que ir devagar desta vez, ela funcionou bem na década de 90, mas neste final da primeira década do século XXI estamos entrando em recessão mundial e apesar de fisicamente Paulo Afonso ser uma ilha não estamos isolados do resto do mundo, como parecem crer os provincianos líderes desta cidade. Os seguidores de Anilton acusam Caires pelo caos e talvez tenham um pouco de razão, mas não é desculpa nem para o abandono da área social e nem para não convocar os concursados. Paulo Afonso já tem praças e serviçais demais. Está na hora do social e da competência.
Aristóteles Lima Santana.