quinta-feira, 22 de setembro de 2011

LÍNGUAS EM EXTINÇÃO

http://img.terra.com.br/i/x.gif

Terça, 20 de setembro de 2011, 08h09 http://img.terra.com.br/i/relogio_noticias.gifAtualizada às 08h29

Mais de 2 mil línguas correm perigo de extinção

Unesco/Reprodução

Mapa indica as línguas ameaçadas de extinção

Amália Safatle
De São Paulo

A História é contada pelos vencedores - e em sua língua.

A subjugação de forças econômicas, militares, religiosas, culturais e educacionais, além da rápida urbanização, são apontadas como importantes causas da ameça em massa à diversidade de línguas no mundo, segundo mais recente relatório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) sobre o assunto. De acordo com o Atlas of the World's Languages in Danger, 2.473 mil línguas faladas hoje estão em risco de extinção.

Por que isso importa? Para começar a conversa, porque a língua é o meio através do qual interagimos com o ambiente ao nosso redor. E o concebemos e entendemos. Além disso, cada língua reflete uma visão única de mundo, seu próprio conjunto de valores, filosofia e aspectos culturais - seu universo particular. A cada língua extinta, toda a humanidade perde rico e diverso conhecimento histórico, espiritual e ecológico, inclusive acarretando perdas de biodiversidade.

Entre os dez países que apresentam maior número de línguas em perigo estão Índia (198); Estados Unidos (191); Brasil (190); Indonésia (146); China (144); México (143); Rússia (131); Austrália (108); Papua Nova Guiné (98) e Canadá (88).

Os dados do relatório - que reuniu contribuição de mais de 30 linguistas no mundo, coordenados pelo australiano Christopher Moseley -, foram apresentados no início deste mês de setembro no congresso "Vozes e imagens de línguas em perigo", realizado pela Pontifícia Universidade Católica de Quito, no Equador.

Segundo o Instituto Socioambiental (ISA), o único brasileiro a participar do Congresso foi o historiador José Ribamar Bessa, autor do livro Rio Babel - A história das línguas no Amazonas, cuja segunda edição acaba de ser lançada pela editora UERJ.

Ao ISA, ele afirmou que sua preocupação básica é com o duplo esquecimento em relação às linguas: "As línguas maternas morrem pelo menos duas vezes: quando as esquecemos e quando nos esquecemos que foram esquecidas. O mais dramático é quando isso se torna natural".

Bessa avaliou ainda que a escola e os meios de comunicação são totalmente omissos em relação ao tema e que os brasileiros podem passar anos na escola - do ensino fundamental à universidade - sem nunca ouvir qualquer menção à história das línguas. Ou seja, não apenas não são faladas como sequer se sabe que fazem parte da História. Aí estão incluídas línguas indígenas e línguas de origem africana que -pasme - durante muito tempo foram discriminadas e proibidas pelo Estado por meio de políticas públicas.

Especificamente no Brasil, o desparecimento das 190 línguas está assim classificado:

12 extintas;
97 vulneráveis (muitas crianças falam a língua, mas apenas em certos ambientes, por exemplo, em casa);
17 em perigo definitivo (as crianças não aprendem mais a língua materna em casa);
19 em perigo severo (a língua é falada pelos avós e gerações mais velhas; os pais podem entendê-la, mas não falam entre si e nem com as crianças);
45 em situação crítica de perigo (os falantes são jovens, falam parcialmente a língua e não com frequência).

Além da versão digital, a novidade da terceira edição do Atlas é um mapa interativo www.unesco.org/culture/languages-atlas. Disponível apenas em inglês, francês e espanhol.

Fonte: Portal Terra.

Nenhum comentário: