quinta-feira, 10 de novembro de 2011

A INTERNET ESTÁ VENCENDO A MÍDIA IMPRESSA?

Jornais têm mais leitores que a internet

Por Sílvio Guedes Crespo e Yolanda Fordelone em 18/10/2011 na edição 664

Reproduzido do Estado de S.Paulo, 14/10/2011; intertítulos do OI

A circulação total de jornais no mundo caiu no ano passado, com exceção da América Latina e da Ásia. Mas, ainda assim, esse meio de comunicação alcança mais pessoas do que a internet, de acordo com uma pesquisa da Associação Mundial de Jornais e Editores de Notícias (WAN-Ifra, na sigla em inglês). Os jornais impressos diários tiveram queda de 2% na circulação, de 528 milhões em 2009 para 519 milhões em 2010. Esses veículos, porém, são lidos por 2,3 bilhões de pessoas no mundo, um número 20% maior do que o 1,9 bilhão de pessoas que a internet alcança. No mundo, os jornais gratuitos foram os que tiveram a maior queda na circulação, passando de 34 milhões em 2008 para 24 milhões em 2010.

“A circulação é como o Sol. Está subindo no Oriente e caindo no Ocidente”, disse Christoph Riess, diretor executivo da WAN-Ifra. Ele apresentou a pesquisa anual no Congresso Mundial de Jornais e no Fórum Mundial de Editores, realizado em Viena, na Áustria. A pesquisa foi realizada em 69 países, que correspondem a 90% do mercado global de jornais em termos de receita de vendas e anúncios. Dentre as conclusões do estudo, uma das principais é a que aponta que os padrões de consumo de mídia variam amplamente no mundo. A circulação de impressos é cada vez maior na Ásia, mas há queda em mercados maduros no Ocidente. Também mostra que o número de títulos de jornais está se consolidando globalmente.

Para os anunciantes, ainda de acordo com a pesquisa, os jornais estão mais eficientes e eficazes do que outras mídias, em termos de tempo de anúncio, principalmente porque os jornais atingem mais pessoas do que a internet. Em um dia típico, jornais alcançam 20% mais pessoas em todo o mundo do que a internet.

Receita dos jornais

A pesquisa da WAN mostra ainda que as receitas da publicidade digital não estão compensando a receita de anúncios perdida na mídia impressa, e que as mídias sociais estão mudando o conceito e o processo de coleta e disseminação de conteúdo. Mas o modelo de receita para as empresas de notícias, no segmento de mídias sociais, continua não sendo encontrado. Além disso, o estudo mostra que o negócio de publicação de notícias exige constante atualização, monitoramento, síntese e edição da informação, e que o novo negócio digital não é o foco tradicional do jornal.

O estudo apontou que a circulação de jornais aumentou na Ásia (7%) e na América Latina (2%), mas caiu na Europa (-2,5%) e nos Estados Unidos (-11%). O país em que os jornais têm maior penetração é a Islândia, onde 96% das pessoas leem diários impressos. Em seguida, aparecem o Japão (92%), Noruega, Suécia e Suíça (82%), Finlândia e Hong Kong (80%).

De acordo com o estudo, a televisão é o meio que mais obtém receita com anúncios publicitários (US$ 180 bilhões no mundo). Em segundo lugar estão os jornais, com US$ 97 bilhões, a internet, com US$ 62 bilhões, as revistas (US$ 43 bilhões) e o rádio (US$ 32 bilhões).

Na média dos países analisados, as pessoas dedicam à leitura de jornais 8% do tempo que destinam a meios de comunicação em geral. Mesmo assim, a receita obtida pelos jornais equivale a 20% de toda a receita dos meios de comunicação.

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[Sílvio Guedes Crespo e Yolanda Fordelone são jornalistas do Estado de S. Paulo]

Fonte: Observatório da Imprensa.

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