sábado, 2 de junho de 2012

A GREVE DOS PROFESSORES NA BAHIA


A GREVE DOS PROFESSORES DA BAHIA
No momento em que escrevo a greve dos professores do Estado da Bahia tem mais de trinta dias e continua firme. A presidente Dilma Roussef deu 22,22 % de aumento para os professores do país. Em alguns Estados, porém, os governadores, incluindo alguns do PT, partido de Dilma, recusaram-se a cumprir a Lei. O caso da Bahia é mais grave, pois o governador Wagner assinou um documento junto ao sindicato se comprometendo a dar o aumento proposto por Dilma, e logo em seguida resolveu descumprir o acordo. A greve foi inevitável após este comportamento inexplicável de Wagner.
Para a maioria dos servidores públicos o comportamento de Wagner tem sido de descaso com eles. Sua postura perante as greves é de truculência e falta de diálogo; recusa-se às negociações e deixa o serviço público sem funcionamento por muito tempo, prejudicando a  população; o que dizer de alguém que assina documentos e depois diz que não vai cumpri-los? A postura do governador lembra o da ex-primeira ministra britânica Margareth Tatcher, que se notabilizou no início dos anos 80 por endurecer com os sindicatos e suas greves no Reino Unido.
Wagner argumenta que deu o aumento de 22,22% aos professores que possuem ensino médio e 6% aos que possuem nível universitário. Segundo dados da APLB, a se continuar esta linha de ação do governador, no ano que vem os professores que possuem apenas o ensino médio ganharão mais do que os de nível universitário e no ano seguinte ultrapassarão os que possuem pós-graduação. É absurdo? Sim, claro, por isso os docentes estão em greve.
Wagner tem a seu lado o judiciário da Bahia, que servilmente já declarou a ilegalidade da greve, a maioria da Assembleia Legislativa, que servilmente já aprovou o “aumento” dado por ele, e tem uma tropa de choque de militantes da base aliada, que em troca de carguinhos no Estado resolveram rasgar toda a sua história (aqueles que a possuem, claro) e atacar de forma covarde os professores. Em Paulo Afonso é preciso registrar que dois deputados estaduais que tiveram muitos votos na cidade cairam em descrédito perante os docentes: Paulo Rangel e Mário Negromonte Júnior votaram a favor do governador Wagner.
O governo, no entanto, perderá a guerra. Este é o sentimento da maioria dos professores. A direção sindical da APLB não pode ser derrotada nesta greve, pois poderá ser destronada  pela oposição interna de esquerda que teve 70% dos votos em Salvador na última eleição sindical. E esta oposição também quer a derrota de Wagner. Para os professores em geral a greve é mais do que justa, pois está em jogo um direito dado pela própria Dilma. Para a maioria deles não há como Wagner escapar desta derrota.
O governador também não contava com a força das redes sociais. A mídia baiana covardemente calou-se sobre a greve, mas nas redes sociais da internet a militância dos professores se faz presente de forma ostensiva. Por causa disso hoje são poucas as chances do candidato do PT à prefeitura de Salvador. Todos os deputados que votaram contra os docentes estão sofrendo campanhas de descrédito. “Bateram, vão levar também”, é o sentimento da maioria.
Quem mais sofre com esta situação são os alunos e seus pais. São vítimas do descaso de Wagner e de seus lacaios. Aos poucos estão vendo que muitos discursos em favor da educação pública são farsas eleitoreiras e pensarão melhor em quem votar nas próximas eleições.
Aristóteles Lima Santana, 22/05/2012.