sexta-feira, 16 de novembro de 2012

SOBRE O FILME "HOTEL RUANDA" (REPUBLICAÇÃO).



FILME: "HOTEL RUANDA" OU O SILÊNCIO DO OCIDENTE.

No filme "Hotel Ruanda" temos um exemplo de quais são os critérios do ocidente capitalista em suas ações "humanitárias". Enquanto o conflito entre tribos da antiga Yugoslávia (croatas, sérvios, bósnios, etc.) recebeu uma atenção especial da mídia e uma missão humanitária de pacificação da ONU, o conflito ocorrido em Ruanda (país africano) entre duas tribos (hutus e tutsis) foi simplesmente ignorado. O resultado foi um dos maiores genocídios da história com cerca de 1 milhão de mortos da etnia tutsi. Qual o critério da ONU para intervir em um conflito e ignorar o outro? Simples, na antiga Yugoslávia habitam povos brancos eslavos e em Ruanda negros subsaarianos.
O filme conta a história real de Paul Russessabagina que era gerente de um hotel importante em Ruanda. Paul é hutu e sua esposa e vários amigos são tutsis, quando o conflito tem início ele leva seus amigos para o hotel com a esperança de aguardar as tropas de intervenção da ONU. Paul age como um Schindler negro tentando salvar pessoas no meio de tanto ódio. A ONU os ignora mandando soldados apenas o suficiente para transportar os hóspedes brancos para fora do país. A partir dai Paul e seus amigos terão que se virar sozinhos.
O filme é sobre barbárie. Principalmente sobre aquela amparada em racismo e etnicismo. Em um determinado momento um jornalista olha para duas garotas ruandesas e as acha muito parecidas, mas uma é hutu e a outra é tutsi. Qual a grande diferença física entre quem é hutu e quem é tutsi? Aliás qual a grande diferença entre croatas, bósnios e sérvios? E entre irlandeses católicos e protestantes? Pode-se argumentar sobre a história e as tradições religiosas e culturais mas não é uma resposta satisfatória. Pode-se ter diferenças com alguém e não necessariamente ter que matá-lo. Em Ruanda havia uma política deliberada de insistir nas diferenças: no documento de identidade de cada cidadão constava a descrição de sua etnia, o que lembra a política de classificação dos grupos humanos feita pelos nazistas (estrelas de Davi para judeus, triângulos rosa para homossexuais, etc.). Quem pratica o genocídio são grupos fascistas com apoio do exército, uma situação semelhante com a Yugoslávia onde grupos fascistas sérvios praticaram matanças e estupros na Bósnia com a conivência do exército sérvio. Em ambos os casos a organização das milícias foi fundamental para que a barbárie acontecesse. As milícias atuaram como "partido de massas" arregimentando e armando os civis para organizar o massacre. Devemos ficar atentos a esses exemplos.
Mas o pior de tudo ficou por conta da ONU que usou dois pesos e duas medidas para analisar os casos da Bósnia e de Ruanda, enquanto a primeira recebe apoio para promover a pacificação a segunda é abandonada e o genocídio pode acontecer tranquilamente. Uma omissão que teve um custo humano muito alto.

Aristóteles Lima Santana, originalmente publicado em 2006.

2 comentários:

Anônimo disse...

Perfeita análise! Não podemos nos esquecer de que a ONU também é assassina!

Anônimo disse...

Perfeita análise! Não podemos nos esquecer de que a ONU também é assassina!