AS OPÇÕES DE DILMA E AÉCIO
Terminou a eleição presidencial, um dos postulantes ao cargo
ganhou e irá tomar posse, mas o clima de campanha teima em continuar. O fato da
diferença entre Dilma e Aécio ter sido pequena deixou o candidato do PSDB (e
alguns dos seus eleitores) inconformado. Depois de ter descartado aliar-se à
extrema-direita, o próprio Aécio de forma provocativa fez um vídeo conclamando
e apoiando uma marcha contra Dilma. Pouca gente apareceu e ele mesmo preferiu ir à praia com a família. Este episódio
patético é só uma demonstração de que o PSDB flerta com a irresponsabilidade.
Com a bancada forte que elegeu este partido pode fazer uma oposição responsável
no Congresso. Aécio saiu-se fortalecido como liderança do pleito. Ele não
precisa fazer papel de palhaço (como fez neste episódio) para aparecer. A
continuar assim seu nome sofrerá desgastes irrecuperáveis.
O governo Dilma virou à direita? Grande novidade. Todos os
governos do PT viraram à direita na gestão econômica. O susto com as possíveis nomeações
de Kátia Abreu e Joaquim Levy são encenações tolas. Gente pior ou igual a eles
já estiveram governando ao lado de Lula. O PT está fazendo o que sempre fez: um
governo medíocre que administra a crise a favor do grande capital enquanto
distribui migalhas aos pobres. Nada de novo no front.
O caso dos escândalos da Petrobrás ainda toma conta do
noticiário nacional. Uma pedra no sapato do governo. Mas os governos do PSDB
também estão atolados com denúncias de corrupção. Ambos os partidos, PT e PSDB,
estão sofrendo diariamente desgastes consideráveis (e merecidamente). A ideia
de que a democracia brasileira vai dividir-se entre estes dois partidos
eternamente é uma falácia. Existe um caminho aberto para o crescimento de
outras opções. Aliás, muito se falou de uma onda conservadora nas eleições, mas
o PSOL dobrou sua votação em nível nacional.
Muito tem se falado de um impeachment de Dilma. Isso é
possível? Sim, mas pouco provável. O governo tem folga na Câmara e no Senado.
Recentemente houve um golpe constitucional no Paraguai. Usando o Congresso, a
direita conseguiu derrubar um presidente progressista lá. O exemplo paraguaio
parece encantar uma parte da oposição. O governo que fique atento. Esta é uma
opção que o PSDB não vai descartar tão cedo.
A opção de Dilma em virar à direita também deve ser
entendida como uma forma de garantir apoio no Congresso. As bancadas
conservadoras (ruralista, evangélica, etc) cresceram e ela terá de atender a
estes setores para garantir a maioria. O PT, na verdade, foi derrotado no
Congresso. O caso de Pernambuco é ilustrativo: nenhum federal do PT foi eleito.
O PT perdeu dezoito vagas no Congresso para outros partidos. A nomeação da
Kátia Abreu (que, entre outras vilanias, quer rever o conceito de trabalho
escravo para favorecer seus amigos latifundiários) é para agradar a bancada
ruralista. Antes tínhamos a ala desenvolvimentista do governo, a ala
reformista, outra ala social-democrata, etc. Agora Kátia Abreu liderará a ala
escravocrata do governo. Para quem acha isso péssimo vai um aviso: não vai
parar por ai, outros vilões serão atendidos. Tudo em nome da governabilidade.
Aristóteles Lima Santana, 13/12/2014
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